sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Coragem ou covardia?

O choque entre o seu corpo quente e a agua gélida era pior do que imaginavas. Os primeiros milissegundos ela só conseguia pensar que era melhor relaxar, e aceitar o destino que rapidamente traçaste para si. Mas o som encantador das ondas que rebatiam sobre as pedras transformou-se dolorosamente no estrondo nos seus músculos, ossos, e sentimentos, que eram jogados brutalmente e repetidamente sobre aquelas mesmas pedras que de longe a encantaram. E foi então que o tempo parou. Respirar era tão difícil que almejaste este momento durante muito tempo, planejando em sua mente delicadamente, detalhadamente.  Mas ali, a ânsia pelo ar entrando por seus brônquios era tão imensa que esqueceste os momentos que a fizera tomar aquela decisão. Seu corpo cansado, sua mente vazia, já não correspondia ao desejo abrupto de sobreviver àquela situação. Mas não tinha mais volta. Há decisões que tomamos na vida que acarretam consequências irreparáveis e sabias que aquela era uma dessas. A sua ultima decisão... Agora a coragem se confundia com a covardia e já não sabias se era melhor lutar, ou desistir, sendo que fisiologicamente os mecanismos seriam os mesmos...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O penhasco.

Encostou-se na ponta, debruçou-se e sentiu o vento em seus cabelos; um calafrio que começava na lombar e se estendia até a ponta dos seus dedos... Fechou os olhos e se preencheu de silencio. A areia enroscada na ponta dos seus pés lhe dava a sensação de liberdade que outrora nunca tivera. Os pensamentos voavam ao longe, atingindo aquele horizonte que os seus olhos em lágrimas avistavam... Sentia o cheiro do mar, ouvia o barulho das ondas ir de encontro às pedras, um som extremamente convidativo. Recordou-se como em um filme os momentos que tivera, as lembranças que guardara, as dores que hoje já não sentia mais. E foi nesse instante que teve a certeza: abriu os olhos pela ultima vez, deixando que a luz atingisse o íntimo de suas mais profundas celulas, e enfim saltou. Um novo começo a partir do seu fim (...)"

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mentiras

Existem pessoas que tem o poder de mentir. Cada um nasce com um dom, um talento, uma predisposição a ser bom em determinada coisa. Mas existem pessoas que tem o dom de mentir. Claro que tem aqueles que não sabem como agir, não sabem aonde enfiam as mãos, pra onde olhar e até gaguejam... Mas existem umas pessoas que mentem tão bem que até elas acreditam na sua própria mentira. A mentira contada inúmeras vezes vira uma convicção -  já dizia Nietzsche; e as convicções são bem mais perigosas do que a verdade. A mentira faz parte do homem; não existe aquele que não precisou mentir num determinado momento, num determinado lugar, com uma pessoa determinada. Mas são essas as chamadas mentiras inocentes, que não afetam ninguém a sua volta, nem a você.
Mas existem mentiras contadas por umas pessoas que influenciam diretamente na vida daqueles que a rodeiam, pois fazem as pessoas acreditarem cegamente que conhecem aquele ser, e as vezes até põem a mão no fogo por ele. Não existe nada pior do que você perceber que estava errada sobre o seu conceito em relação a alguém...  isso é o que chamamos de decepção.  Então, antes que você comece a contar uma mentira, e depois ter que formular dezenas outras para sustenta-la, pense no constrangimento e na decepção que você fará às pessoas que estão a sua volta, e que confiam tanto naquilo que você diz.
“Mentir? Que nada, o problema não é a mentira. O problema é descobrir a verdade.”

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Escolhas.


As vezes a gente faz umas escolhas na vida que colocam quase tudo a perder. Encarar as consequências de uma escolha errada é tão difícil quanto perceber qual a escolha certa a se fazer. A vida é como um jogo de xadrez... A rainha, a nossa rainha, é super protegida por todos a sua volta mas se esses erram em qualquer passo, colocam a sua casa em risco. Na vida é mais ou menos assim... Boa parte das nossas escolhas não dependem só de nós, e as vezes a consequência de uma escolha recai mais sobre aqueles a nossa volta do que em nós mesmos. Geralmente a gente nem pensa nisso, né?! - Que se danem os outros, eu me importo com a minha vida. Pois bem, se as suas escolhas continuam afetando negativamente aqueles a sua volta, cuidado! Porque essas mesmas escolhas em um ângulo diferente podem exatamente acabar com você...


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O adeus que não se quer dizer.

Ela disse adeus, mas se estendeu ao meu lado. Disse adeus e permaneceu alí; suas palavras doces ecoavam frases que não faziam o menor sentido. O rosto suave, sereno, confundiam a minha mente entre as mentiras contadas e as verdades não ditas por nós...
Ela disse adeus, mas seu gesto suplicava um beijo, seus olhos pediam um abraço, e eu não queria partir.
Outrora nossos sentimentos completavam os desejos, nossas vontades contradiziam a razão. Hoje, em duplo sentido, as palavras já não são de completo sinceras, e as que são, ficam silenciadas, assim por dizer.
Perdidas no mesmo caminho eleito por nós, olhavamos uma a outra, em silencio. De mãos dadas, percebiamos o tremor e o suor dos dedos, que entregava nossa vontade de voar... juntas...
E foi nesse momento que ela disse adeus, permaneceu segura em minhas mãos, mas seus olhos já avistavam um horizonte distante de mim...


"Melhor assim
A gente já não se entendia muito bem
E a discussão já era a coisa mais comum
E havia tanta indiferença em teu olhar
Melhor assim
Pra que fingir se você já não tem amor
Se teus desejos já não me procuram mais
Se na verdade pra você eu já não sou ninguém
De coração eu só queria que você fosse feliz
Que outra consiga te fazer o que eu não fiz
Que você tenha tudo aquilo que sonhou
Mas vá embora antes que a dor machuque mais
Meu coração
Antes que eu morra me humilhando de paixão
E me ajoelhe te implorando pra ficar comigo
Não diz mais nada
A dor é minha eu me aguento pode crer
Mesmo que eu tenha que chorar
Pra aprender como esquecer você"

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Só é realmente meu aquilo que eu penso.



Eu tinha sonhos gigantescos. Sonhava voar... voar entre as mais esplendidas ideias que me fariam grande. Ser aplaudida entre aqueles que buscam tanto quanto eu o conhecimento; ser exaltada diante daqueles que prezam a fidelidade dos sentimentos.
Eu tambem possuia desejos. Desejava poder amar além do meu ultimo suspiro, desejava construir algo que não seria só meu; ser enfim espectatora de minha própria história.
Mas há algo maior que a nossa existencia. Há ago maior que os nossos sonhos, desejos, vontades. Algo maior que a distancia entre a aurora e o amanhecer, algo mais esclarecedor que as aguas mais límpidas. Esse algo se diz Deus.
E Deus precisava, por motivos ainda desconhecidos por mim, mostrar-me que não sou autoria de minha estória, que os meus sonhos sempre foram inferiores à tua vontade, que existem motivos inabaláveis para que os acontecimentos à minha volta não levem as minhas razões como consideração.
E foi assim que os meus sonhos se dissolveram, perdi as pessoas que mais importavam, os meus planos rasgaram-se frente ao papel, e o meu futuro apagou-se bem a minha volta, tal qual não importa a qualidade da minha visão, para qualquer lugar que eu olhe só vejo a escuridão. É a escuridão que me impede de ver o dia de amanhã, e faz com que eu me torne uma marionete no palco de uma vida que até então eu pensava ser minha.
Mas as nossas vidas não são nossas. Somos atores de uma peça real, onde o diretor brinca de mudar os cenários para que possamos praticar o improviso.
Felizmente, hoje reconheço o que é meu. Sou dona de minhas ideias, dona dos meus pensamentos. Meus sentimentos são apenas meus, independente do que aconteça a minha volta. As palavras que passeiam pela minha mente tornam a ordem que eu prescrevo, formam frases que eu canto e rimam juntas sintonizando numa palavra que me resta e me encanta: a esperança.

domingo, 10 de outubro de 2010

Benditas palavras.

Eu sempre achei que os sentimentos não combinassem com as palavras; que não pudessem ser traduzidos ou entrelaçados. Mas hoje, sinto como se as palavras saltitassem dentro de minha cabeça, formando frases e orações que correm através dos meus pensamentos como um rio corre ao alcance do mar... Nunca fui uma pessoa que soubesse lidar com as palavras fora de mim; é como se ao sair de minha boca elas perdessem o sentido, soltassem as mãos, pregassem peças comigo e trocassem de lugar, dando sentido oposto a tudo aquilo que eu sempre quis dizer. O engraçado é que aqui dentro elas parecem ter tanta afinidade tal que eu nem consigo acompanhá-las e elas já surgem prontas, postas cada um em seu devido lugar num poema que nunca foi escrito, mas que eu já sei de cor. Outrora, eu conseguia traduzir os sentimentos em palavras de uma forma que estas não perdessem o significado no caminho que percorrem da minha mente até a ponta do lápis no papel. Hoje, ao contrário, as palavras me fogem ao menor sinal de emoção, fazendo com que o silencio prevaleça e eu não consiga demonstrar o efeito que elas causam dentro de mim... Entretanto, mesmo com as dificuldades de escolher tais palavras de modo correto, me arrisco agora a transcrevê-las da maneira que eu encontrar.

sábado, 9 de outubro de 2010

Mudanças.

A vida é feita de mudanças. O dia vira noite, a luz escuridão.
O outuno vira inferno, primavera verão.
Os olhos mudam de cor, as cores acompanham o humor...
A alegria torna-se tristeza, o ódio encanta o amor. Poesias viram canções, e os passáros aprendem novas melodias; os ventos mudam a direção, e os animais a sua estadia. As tendências viram moda, o velho encolhe-se de solidão; quem não muda fica pra trás, e vê o sim transformar-se em não. Nesse ciclo de mudanças, é muito fácil se perder, e é agora que eu te pergunto: O que já mudou em você?